quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Crítica à Marx a partir de Tocqueville


O confrade Luiz Henrique de Morais, da Comunidade Apologética Católica do Orkut, escreveu um texto que gostei muito. Com sua autorização postarei um fragmento, que é bastante pertinente. Penso ser uma crítica que engloba não apenas o comunismo marxista, mas também todo governo socialista. Vamos à ele:

"Uma vez que o desejo de igualdade é insaciável nas pessoas, segundo Tocqueville, a maioria delas estaria aberta a abrir mão da liberdade política em nome de maior igualdade. De modo que o surgimento de um poder capaz de eliminar as classes e igualar os indivíduos com o prejuízo de subtrair-lhes a liberdade política, como o Estado proletário de Marx, seduziria a muitos. A valorização da liberdade política seria, então, a prevenção contra a ambição pela igualdade extrema. Enquanto em Marx a igualdade é o fim ideal a ser atingido, em Tocqueville ela é apenas um meio para garantir a liberdade.

Se a igualdade universal tende a gerar tal bem-estar que o homem acomodar-se-ia ao Estado da maioria sem questionar, Tocqueville também prevê que os indivíduos abdicariam da reflexão política e abandonariam todo sentimento de participação social. As pessoas iriam isolar-se num individualismo que levaria cada um a preocupar-se apenas com os problemas particulares, a relacionar-se apenas com as pessoas mais próximas e a outorgar direitos cada vez maiores poder central, único representante dos interesses coletivos. Além disso, os indivíduos iguais que respondem somente ao poder centralizado entrariam numa decadência moral e intelectual deplorável.

A ausência de poderes intermediários e o “individualismo igualitário” facilitariam o surgimento de um despotismo de tutores provedores que, pelo pequeno preço de manter os prazeres das massas infantilizadas, governariam livremente como bem entendessem e forneceriam idéias uniformes às massas, pela educação pública, por exemplo, para que estas sempre concordem com as decisões do Estado. Essa estratégia de conquistar as massas com “pão e circo” e uniformizar o pensamento segundo as intenções do Estado, que o pensador francês previne, aproxima-se da idéia do teórico marxista António Gramsci de que o partido deve implantar a Revolução a partir da transformação lenta e gradual das mentalidades, desacreditando as instituições e os valores tradicionais e usando, sobretudo, a influência dos intelectuais e dos aparelhos ideológicos (no caso, partidários/estatais) de hegemonia. Assim, a revolução igualitária proposta por Marx seria catastrófica para Tocqueville justamente porque instituiria um poder centralizador provedor e tutor e, implantando-se a igualdade, deixaria os indivíduos acomodados, vis e medíocres.


Quanto às crenças, se, por um lado, Marx considerava a religião um instrumento da classe dominante para iludir os espíritos e conservar seu poder, Tocqueville pensava que a religião é uma aliada de peso contra as tendências despóticas, pois, além de dar a Fé e as bases morais essenciais, o cristianismo traz em sua essência o espírito daquela liberdade capaz do sacrifício dos próprios interesses em favor do bem da comunidade. Ele considerava louvável o caráter de um povo com espírito comunal, com homens capazes de comprometerem-se, de assumirem responsabilidades, de honrarem a palavra. Um povo que zelasse sempre pelas liberdades locais e tivesse a iniciativa de constituir associações para buscar os objetivos comuns sem a intervenção de um poder estatal forte e centralizador: Eis o que era, para Tocqueville, uma sociedade de instituições livres. "

Sintetizando:

"
Tocqueville tinha previsto que o “individualismo igualitário” facilitaria o surgimento de um despotismo do Estado tutor que, pelo pequeno preço de manter os prazeres das massas infantilizadas, governaria livremente como bem entendesse e forneceria idéias uniformes que deixariam as massas cada dia mais imorais, acomodadas e medíocres. Um profeta!"


Não conhecia Tocqueville, mas a partir deste texto, sinto uma necessidade de estudá-lo.




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