sábado, 18 de maio de 2013

A escola e os delinqüentes.

Fiz um desabafo no Feicebúqui e farei alguns comentários com a cabeça mais fria. Ei-lo:

Hoje delinquentes do Colégio Estadual Vital Brasil atiraram pedras sobre o meu carro que estava estacionado ao lado do muro, em frente à minha casa. Atiraram também pedaços de vidro na casa da minha vizinha, D. Terezinha. Os filhos da puta já quebraram um para-brisas do meu Pálio e agora estão tentado o bi-campeonato.

Esta postagem gerou outros comentários de apoio e de indignação. Não vou repetir todos. Apenas alguns que podem ajudar na reflexão. A conversa na íntegra pode ser lida, clicando no texto acima.

Alguns amigos mais exaltados sugeriram o troco contra os "pequenos" contraventores. Outro, buscar a solução através da Justiça. Um amigo professor, solidarizou-se testemunhando ter sido agredido verbalmente por um aluno. 

Um ex-vizinho e amigo da família há anos, contou também ter sido vítima de depredação quando morou ao lado de nossa casa. Aconselhou guardar sempre o carro, constatando que estamos de mãos atadas contra a delinqüencia juvenil. A lei sempre os irá favorecer.

Amigos mais distantes que convivem com a violência ao extremo praticada por delinqüentes juvenis em metrópoles, manifestaram sua visão de uma forma mais universal (e trágica) ou seja: a realidade de uma geração de estupradores, criminosos, bandidos.

Nem todo estudante da Escola Vital Brasil é um delinqüente. Existem excelentes alunos nesta instituição. Crianças e adolescentes que estão vocacionados a uma vida acadêmica. Infelizmente estão sujeitos a uma frustração por conta dos péssimos "alunos" que são forçados a freqüentar a escola. O Estado obriga a mantê-los dentro da escola. Eles odeiam, detestam a ideia. Prefeririam estar aprendendo uma profissão com o pai, trabalhador autônomo (agricultor, boiadeiro, mecânico, eletricista, pedreiro, pintor de casas, lanterneiro, etc.). Como estão forçados na escola, preferem se "divertir" de outra forma. Escolhem infernizar a vida dos professores, colegas, diretores. 

Como não gostam de estudar (penso ser mais uma vocação, que uma obrigação), externizam sua revolta, às vezes até inconsciente, prejudicando o andamento de uma aula. Enfim, de todo o pulsar de uma escola. Colegas saem no prejuízo, professores não conseguem o mínimo de paz para dar sua aula, diretoria é acionada desviando-se de assuntos importantes para o bom funcionamento da instituição de ensino.

Mas o governo (estadual e federal) insistem em continuar no erro. A cada dia mais pressão sobre o pobre professor: sociedade, alunos, delinqüentes, pais de alunos, pais de delinqüentes, secretaria de ensino (através da direção e especialistas, que por sua vez são pressionados pelo estado). A coisa só vai melhorar o dia em que o estado parar de passar a mão na cabeça dos péssimos alunos e parar de colocá-los no mesmo patamar que o professor. Quando o estudo funcionava de verdade, havia uma hierarquia a ser obedecida. Isto é natural. A experiência já comprovou sua eficácia.

É necessário também que o estado acabe com a obrigatoriedade do ensino. Que procurem a escola quem tem vocação. É preciso acabar com esta história de "exploração de trabalho infantil". Tem cada cavalão maior que eu freqüentando a escola, quando poderia estar aprendendo uma profissão. Para ser alguém na vida, ajudar os pais nas despesas da casa, ser um futuro cidadão de bem, um profissional útil à nação.

Este absurdo de obrigar a garotada a frequentar escola, está sem dúvida destruindo o desenvolvimento do país: o sujeito vai para a escola sem nenhuma motivação de aprender. Atrapalha os colegas que realmente querem aprender. Vai "formar" sem saber escrever um miserável bilhete. O tempo que podia aprender uma profissão, estava enfiado contra a vontade numa escola. Vai cursar uma universidade após o ensino médio? Pode até ir, mas vai abandonar em pouco tempo, pois não teve o mínimo de base para dar continuidade nos estudos mais profundos. Ou tocar até o fim e tornar-se um péssimo profissional. 

Se não for para a universidade, já estará com uma idade avançada para aprender uma profissão. Não será mais "demenor". Não se encaixa mais no perfil de aprendiz. Ninguém vai dar emprego a ele, pois terá de dispor de tempo para ensiná-lo na profissão. Resultado: mais um vagabundo solto nas ruas totalmente perdido. Não sabe ler e escrever. Não sabe trabalhar. Vai fazer o que? Ganhar a vida traficando drogas, roubando ou praticando alguma atividade ilícita. Ou se transformar num viciado.

Agradeço a manifestação da Prof.ª Vera Mendes que é vice-diretora da escola. Assim postou no Feicebúqui:

Giovani a nossa diretora trabalha na sexta sim. Hoje ela se encontrava em Varginha, na Superitendencia, pois foi convocada para uma reunião. Esse delinquentes tambem nos incomodam. Já chamamos o Conselho Tutelar, os pais , até a policia. São acobertados pelo Estatuto do Menor. A lei dá cobertura a eles e não a nós professores. Pergunte a sua esposa, ela pode te responder melhor. A direção da escola conta com a comunidade. Precisamos de ajuda. Quem sabe a comunidade participando mais da vida escolar consiga juntamente conosco acabar com esse delinquentes.
Como podemos notar a escola preocupa-se com a situação. Mas é refém do maldito ECA. Bem como a Polícia, os pais e o Conselho Tutelar.  Conversei com o vice-diretor na escola e ele disse que voltaria a usar de um expediente para coibir os atos de vandalismo de alguns alunos: o recreio seria na parte interna da escola e não mais na área aberta. Mais uma vez os bons alunos saem prejudicados pelos péssimos. Poderiam descansar ao ar livre, respirando ar puro, caminhar, correr, brincar, mas não. Por conta dos vândalos, serão obrigados a permanecer em seu tempo livre limitados entre as paredes do prédio.

Não fui o primeiro a reclamar. Na escola fui informado de que outros atos parecidos aconteceram. Inclusive acertaram uma pedra numa idosa que tomava sol em frente sua residência.

Minha esposa foi vítima de bullying por parte de alunos várias vezes. Certa vez, os pequenos (nem tão pequenos assim) marginais estouraram uma caneta de tinta vermelha na cadeira em que ela iria se sentar. Sujou a bunda da calça desta cor e não percebeu. Imagina o constrangimento por qual passou ao chegar em casa e notar o que tinha ocorrido? Provavelmente foi zombada pelos alunos sem saber o que estava acontecendo, enquanto cumpria com sua obrigação. Além de perder a calça. Se ao menos o estado a indenizasse pelo erro de seus queridos pimpolhos...

Como é importante a participação da comunidade na vida da escola, lá tenho filhos estudando e minha esposa trabalha, deixo uma sugestão: quando era presidente da Cooperativa de Ensino, uma vizinha da escola reclamou que durante o recreio alunos estavam atirando limões e pedras na sua residência. Exatamente onde sua mãe e filhos pequenos tomavam sol no inverno. Conversei com o diretor pedagógico na mesma hora. Em poucos minutos descobriram os autores do vandalismo. Comunicou os pais e fez com que todos os meninos fossem até a casa depredada pedir desculpas aos moradores, limpar o que sujaram e verificar se algo foi danificado para ser reembolsado. Fiquei quase 3 anos na presidência. Nunca mais ouvi reclamação deste tipo. Isto não significa humilhar ou constranger o aluno, mas ensiná-lo de forma prática a conviver em sociedade. 

Giovani Rodrigues Arantes








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