quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Alguns aforismos feicebuquianos - Bernardo Souto.

Bernardo Souto*
“Tudo depende, em última análise, do fortalecimento de nossa espiritualidade. Para um homem espiritualmente robusto -- como São Francisco de Assis, por exemplo --, um soco na boca do estômago era tão inofensivo quanto um peteleco na orelha.”

“Só a intuição é capaz de captar o essencial, o que se encontra para além das máscaras e das aparências.”

“Quando quem está certo começa a nutrir ódio por quem está errado, passa também a estar errado.”

“A ignorância é pecado grave, sobretudo por ser a porta de entrada para inúmeros outros pecados. E quando, então, o ignorante é arrogante, passa a ignorância a ser pecado gravíssimo.”

“Muitos, por invejarem os virtuosos, tentam negar a existência das virtudes.”

“De certa forma já vive no inferno, o homem que não consegue mais sentir a beleza musical das águas oceânicas ou do indecifrável idioma dos pássaros.”

“A vida intelectual, não raro, nos leva a um indecente pedantismo. O objetivo dos estudos, assim, passa a ser menos o conhecimento da estrutura da realidade do que a demonstração de superioridade intelectual em relação ao outro.”

“Num mundo que atingiu um nível tão alarmante de caos, barbárie, burrice e bestialidade, chega a ser cruel apontar o dedo para quem quer que seja...”

“Toda ênfase denuncia uma afetação, um mascaramento. Lacan era meio cretino, mas nisso ele acertou em cheio...”

“O negócio é contemplar o mundo supralunar, pois no sublunar a coisa tá preta...”

“Irrespirável, o ambiente do Brasil. Em toda parte. Em qualquer lado.”

*Bernardo Souto é poeta, ensaísta e autor dos livros “Elogio do silêncio” e “Teatro das sombras”. Colunista na Revista Vila Nova.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O cantor e a blasfêmia.

Tretas geralmente terminam com dissolução de amizades, agressões verbais, baixo astral, dentre outros. Ontem após algumas postagens que fiz no Facebook sobre o músico Nando Reis, ex-Titãs, no intuito de levar ao conhecimento do público católico campanhense sua aversão à Deus e à Igreja, andei refletindo sobre todo o ocorrido na rede social.

Quando fiz a postagem com a letra blasfema da música "Igreja" gravada pelos Titãs com autoria de Nando Reis nos anos 80, tinha em mente que os inúmeros campanhenses católicos que estão animados com o show deste cantor em nossa cidade dentro do evento "Olimpíadas Campanhense", eram conhecedores da letra e também do ateísmo do Nando Reis. Ledo engano. Pelo que pude observar nos comentários, a grande maioria, senão todos os comentaristas católicos nunca tinham ouvido esta música e desconheciam sua letra. Indignação e decepção total por parte de todos com o cantor.

Evidente que alguns "católicos", preferiram não se manifestar pelo motivo de amar muito as músicas do ex-Titã. Ou seja, não pode perder este show que acontecerá em nossa aldeia. O famoso "em cima do muro". Diferente do que ignora ou não está nem aí para as letras. Conheço muita gente que vai em shows, mas nem sabe quem está no palco ou o que está cantando. Só pensa em curtir o momento e o que acontece no meio da galera. Está ali para tomar uma, flertar, namorar, dançar, estar com os amigos, conhecer pessoas, independente da ideologia do artista.

Por outro lado, entendo a revolta, mas não vejo com bons olhos o ódio nutrido contra o artista por parte de católicos em alguns comentários. Como bem disse o amigo Bernardo Souto numa postagem em seu perfil do Facebook ontem: "Quando quem está certo começa a nutrir ódio por quem está errado, passa também a estar errado". E ainda alguém comentou sua postagem complementando: "Ódio atrapalha o raciocínio e não é coisa cristã. O cristão mata o inimigo na guerra, mas reza por suas almas". Na verdade, Nando Reis escreveu esta blasfêmia sem ter tido nenhum contato com a Igreja. Impossível alguém que algum dia foi católico, mesmo que deixe de ser, nutra um ódio tão gratuito por esta instituição que só procura fazer o bem. Para odiá-la teria de ter sido vítima de alguma coisa muito grave, mas de uma gravidade extrema. Sem isso, não faz sentido sua negação. 

Evidente que na sua juventude ao criar este poema satânico, não tinha noção do que estava escrevendo. Se hoje esta música é praticamente desconhecida pelos seus "fãs", provavelmente não deve fazer parte do seu reportório atual. Talvez, com o amadurecimento, tenha se arrependido de ter criado isto. Não que tenha se convertido, pois ainda é ateu, mas ao menos percebeu que não faz sentido atacar algo que desconhece.

O mesmo penso dos católicos que irão na apresentação do músico: desconhecem suas idéias sobre o Criador. Desconhecem esta música de 30 anos atrás, que provavelmente é pouco ou nunca tocada. Não são hipócritas, como disse um filósofo não-católico que discordou de minha postagem na rede social. (Aliás, para este filósofo, todos os católicos são hipócritas e intolerantes. Influência clara de um professor TL que teve no seu tempo de academia. O mesmo professor que conseguiu detonar a vocação religiosa de um sem número de ótimos e promissores seminaristas.) São "fãs" do nome "Nando Reis". Sabem bulhufas sobre o sujeito. Assim como aquela multidão de torcedores do Flamengo que não sabem nem o nome do goleiro do time mulambo e pensam que o Maracanã é o estádio deles. Mas se dizem flamenguistas. Ou quem compra shampoo que contém "oil miracle" e "algas marinhas", mas se perguntado, não tem a menor idéia para que serve isso. 

Que venha o Nando Reis. Que tenha o mínimo de bom senso e respeite Campanha, cidade tradicionalmente católica e cristã. Que seus assessores ou algum campanhense ligado à sua assessoria possa alertá-lo neste sentido. Que esta música blasfema não ecoe pelas ruas de nossa cidade onde ainda vive a tradição das Semanas Santas onde as imagens de Nosso Senhor e da Virgem das Dores também as percorrem acompanhadas pelos fiéis católicos. Ruas enfeitadas com tapetes artísticos onde Jesus Sacramentado sempre passeia nas procissões de Corpus Christi, carregado pelo Bispo ou por algum sacerdote. Sempre Acompanhado por um grande número de católicos. Faça chuva ou faça sol. 

Que todos possam se divertir, ter uma noite agradável e longe de qualquer blasfêmia ou provocação aos católicos. Que os católicos agora cientes desta letra e que estiverem lá, curtam as músicas e se caso o sujeito cantar a tal, simplesmente saiam do local. Não devolvam na mesma moeda. Não sejam agressivos. Não vale a pena. 


Imagem: Página do Facebook do "Católico Caipira".